quarta-feira, 8 de junho de 2011

Acontecimentos recentes 5

Todos querem saber como foi a 1ª saída da blogueira que vos fala na última 6a feira, depois que Santo Antonio entrou em sua vida. Já aviso pra quem espera "causos de novela": esta é uma bad trip.
Sexta eu fui cheia de brasa pra minha primeira saída, lembram-se? Eu tinha passado mal no trabalho e teimosa, saí mesmo assim. Fui pro aniversário de uma amiga do trabalho num lugar que todos comentam aqui na cidade como um dos points. De tanta propaganda a gente fica curioso, mas deveríamos mesmo é duvidar. Um lugar que todo mundo gosta provavelmente é não é um lugar muito feito para mim. Gosto de conversa longa feito prosa, dos mínimos detalhes, de iluminações agradáveis, musiquinhas nostálgicas... E é justamente esta mesma pessoa que foi parar no antro maldito do sertanejo universitário.
Se não fossem as ótimas companhias do pessoal do trabalho eu teria desistido assim que encostei meu salto lá. Por falar em salto, já no inicio desta saga desconfiei que aquele lugar não era pra mim. Não sabia o que vestir para fingir ser uma patricinha vazia que enche o cérebro de álcool e deixa qualquer um te apalpar e acha que isso é vantagem. Não tenho um guarda roupa feito pra isso. Acabei indo do meu jeitinho meio fêmea feminina que brinca de rocker. Onça, calça de couro, jaqueta biker. Look inapropriado, óbvio.
Por onde eu olhava só o que via eram pessoas sem rumo querendo viver o instante orgásmico como se não houvesse dia seguinte. Bebiam loucamente, provavelmente para deixar o lugar interessante (eu faço parte de um mundo onde o que vale é que as pessoas sejam interessantes). Vestidos curtíssimos. As garotas chegam a se parecer com os travestis aqui da rua ao lado. Os rapazes tão bonitos e perfeitos que enjoa só de olhar. O BBB ta perdendo ótimos candidatos por lá. Tudo fake demais, de plástico e duvidoso, até mesmo a masculinidade exacerbada dos rapazes. Ali eu era no máximo a Bruna antropóloga, nunca alguém com potencial para se divertir. Fiquei observando o figurino, costumes, atitudes, interações...
Mas a grande verdade é que desde que cheguei, até quase metade da noite, fiquei com um nó na garganta. Aquela vontade de chorar no meio de todo mundo de forma descabida e desvairada sem poder, sabe?
Era meio perturbador porque o ambiente se propõe a ser rústico, então havia santos e velas por toda parte e pessoas dispersas se pegando pelos cantos ao som do sertanejo num buraco no meio do mato. Chegava a ser quase uma visão apocalíptica.
Eu me ocupei por horas de me desligar dali e procurar pelo Santo Antonio nas paredes entre tantas outras imagens. Quando o encontrei só o que eu fazia era olhar pra ele e questioná-lo o porquê daquela provação.
Mas se eu não tivesse ido com certeza ficaria em casa rabugenta, achando que eu perco tudo sempre por ser uma outsider solitária. E quando voltei pensei que sou uma outsider sim, mas com orgulho. Senti na pele que a pior solidão é sempre a que sentimos no meio da multidão. De nada adiantava todo aquele teatro, não me convencia, não era meu, não era pra mim.
Sou coberta, livro, Meg, pijama flanelado de pingüins, batom borrado, filminho interessante, roupas espalhadas pelo chão, laptop sujo de comida, janela aberta para ver as luzes da noite, projetos fofos de um picnic impossível...
Descobri finalmente que o silêncio da minha solidão é delicioso. 

No caminho de volta que eu podia chorar, não chorei. Não valia a pena.
Sou de ponderar o desgaste. Às vezes a capricorniana fala mais alto.

Só o que eu sentia na volta era um alívio profundo por estar fora de um mundo que não me pertence. Fingir não é verbo feito feito pra mim.
Não tinha ficado nem 3 horas fora de casa e me sentia exausta. Fiz uma limonada bem doce para compensar tudo (contei que, além de tudo, estou fazendo promessa para Santo Antônio e ficarei sem doce até dia 13?) .Tomei um banho quente redentor para limpar a alma do que não era meu.
Entendi que quero muito uma companhia, mas não qualquer uma.
Para ter qualquer coisa, fico comigo e com meu silencio apaziguador.
Quero o preenchimento e não mais e mais vazio.
Engraçado como fiquei mais calma  depois de tudo isso!
Portanto, aparentemente a missão falhou (não fosse pela dança bem conduzida pelo charming man), mas foi uma experiência válida para uma vida toda.
Aquela noite dormi como um anjo, bem longe do sertanejo elitizado.

6 comentários:

  1. Thais Frausto Zapparoli9 de junho de 2011 às 09:45

    Ta aí, Bru...concordo com você novamente em vários aspectos...pessoas bonitas sim, mas com certeza, muito delas vazias e bêbadas...mas não podemos generalizar, certo? Como já dizia Fernando Pessoa "Tudo vale a pena. Se a alma não é pequena". Sempre acho que tudo tem um motivo e nada é por acaso... Se não tivesse ido, não teria tido o prazer da dança e de ver seu melhor amigo no momento, Santo AntÔnio...Pense nisso e Avanteeeee! Beijos e obrigadaaaa por ter ido no meu niver!!!!Amei!

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  2. Maria Alice Ximenes9 de junho de 2011 às 11:40

    Então Bru, foi assim que fugí dos rótulos..diziam pra mim que se eu não saísse não arrumaria namorado...mas onde eu (poucas vezes) fui, só via decepção, não conseguia chorar, mas tinha raiva de ter pago estacionamento, comida e bebida em troca de ter ficado em casa...
    Me lembro que assisti um"Globo Repórter" numa 6a feira linda em companhia da Meguinha e estava tão em paz, tão bem...
    Sto Antonio estava arranjando a vida do Bene pra arranjar a minha...
    Tantas "Vernissages, Coquetéis, Bienal, Desfiles, Restaurantes, Bares, SP, Recife, BH, Salvador, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Ribeirão Preto, Paris..." e foi na FATEC- Americana que estava meu grande amor...numa noite na sala dos professores em q eu fui a contra gosto fazer um social, pq minha iorientanda de TCC tinha faltado...acho q meu buquê tem q ser de Sto Antonios!!!
    Ed, não tô falando de mim, to falando da experiência, viu???hauhauahauhua

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  3. Posso falar: adoro a forma do seu texto. Parece que estamos batendo papo contigo. Depois da simpatia, continue escrevendo, ok? Beijos!

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  4. Mãe arrasou com a idéia do buquê de Santo Antônio!

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  5. Ai que delícia esse seu elogio Paty! Vindo de uma estilosa como vc, fiquei orgulhosa! rss

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  6. Bru, mandou muito na descrição daquele lugar!!! Vc devia ter ido pro bar comigo...

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